A privação do sono tem muito mais impacto à saúde do que apenas cansaço após uma noite mal dormida.
Quem dorme mal corre maior risco de doenças cardíacas, diabetes, obesidade, derrame e acidentes em geral... É um problema atrás do outro.
É considerado insônia quando ocorre um destes episódios:
- dificuldade em iniciar ou manter o sono continuamente durante a noite;
- dificuldade em voltar a dormir;
- despertar antes do horário desejado;
- sono de má qualidade.
Essas condições geram uma cascata de alterações a respostas fisiológicas, que culminam em um aumento do estresse oxidativo e da inflamação orgânica, os quais estão associados a doenças como obesidade, resistência à insulina, diabetes, hipertensão, dislipidemias, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica
Portanto, o que você come pode interferir de forma negativa ou positiva na evolução e tratamento destes distúrbios (principalmente insônia e apneia).
Uma pesquisa realizada em Harvard / Pensilvânia com 15 mil homens entre 58 e 93 anos, observou que aqueles que tinham dificuldade para pegar no sono, dormiam pouco ou se sentiam preguiçosos no dia seguinte, apresentavam uma alimentação mais calórica e menos variada. Para piorar, eles não só abusavam de gorduras trans e sódio como quase não comiam verduras, legumes e frutas.
Assim, fica uma pergunta: Um sono reparador, aquele que você deita, dorme e acorda bem, começa no seu quarto ou no seu prato?
Acertou quem respondeu no prato: a alimentação promove efeitos diretos na qualidade de sono.
A deficiência de alguns nutrientes está relacionada a uma menor produção de serotonina, que é um neurotransmissor precursor da melatonina, substância responsável pelo controle do ciclo circadiano.
Vamos descobrir quais são os nutrientes do sono?
Quais são indispensáveis ter no prato para aquela noite tranquila e reparadora?
Existem muitos nutrientes ou compostos ativos que, de maneira direta ou indireta, atuam na melhora do padrão de sono.
Selecionei falar sobre 3:
- Magnésio
Atua como ativador de enzimas presentes na formação da serotonina.
O magnésio melhora a eficiência do sono, o tempo de sono e o início dele, ajuda no despertar ao amanhecer e diminui as concentrações de cortisol. Também ativa mecanismos que relaxam e acalmam.
Fontes alimentares:
- sementes e nozes como gergelim, girassol castanha, amendoim, sementes de abóbora, de girassol, amêndoas, avelã, castanha do Brasil, de caju, aveia e gérmen de trigo;
- vegetais, principalmente os verde escuros: brócolis, espinafre, couve, acelga, também na beterraba, quiabo, batata;
- frutas = uva, banana e abacate;
- além de leite, soja e grão de bico.
2. Triptofano
É um aminoácido que é precursor da serotonina, um neurotransmissor, substância importante quando a questão é dormir.
Alimentos ricos em triptofano funcionam como tijolos no processo de montagem molecular do neurotransmissor serotonina.
O triptofano também está associado a produção de melatonina, que junto da serotonina atua no ciclo sono-despertar.
Um ponto importante é que os carboidratos facilitam a passagem do triptofano pela barreira hemato-encefálica para sua conversão em serotonina.
Fontes alimentares:
- Banana, semente de abóbora, soja, grão de bico, tâmaras, amendoins. Leites, carnes, peixe, aveia, grão integrais, feijões em geral, ovos, açúcar mascavo, oleaginosas, frutas secas e sementes (gergelim, girassol, abóbora), chocolate.
3. GABA (ácido gama-aminobutírico)
O GABA é um inibidor e desacelera a atividade cerebral, regulando a agitação cerebral por meio da inibição do disparo excessivo dos neurônios, o que leva a uma sensação de calma.
Uma das funções mais importantes do GABA é sua capacidade de minimizar o estresse e a ansiedade.
A presença do GABA aumenta as ondas cerebrais associadas a um estado relaxado (ondas alfa) e diminui as associadas com o estresse e a ansiedade (ondas beta).
Estresse, má alimentação, falta de sono, muita cafeína e intolerância ao glúten são as causas da “disfunção” de GABA.
Fontes alimentares:
- Arroz integral, cevada, soja, feijão, milho, espinafre, batata, couve e castanhas;
- Alimentos probióticos aumentam o GABA = iogurte, kefir, chucrute;
- Ao se refinar / polir os grãos e/ou sementes há uma perda significativa de GABA, magnésio e potássio.
A ideia é incluir estes nutrientes no prato, como comida e não na forma de suplemento alimentar, visto que não há comprovação científica de que fazer a suplementação seria melhor.
Também a absorção dos nutrientes muitas vezes é facilitada justamente pela interação do alimento x compostos bioativos x nutrientes.
Visto que é possível, agora é fazer as escolhas e começar o sono no prato!
Nutricionista e apaixonada por comida, pelo prazer de comer e pelo contato com os alimentos. Sou formada há 13 anos, tenho mais de 10 anos de experiência em atendimento clínico e ambulatorial. Fiz mestrado e Doutorado na Universidade de São Paulo.